"A AESINTRA pode fazer chegar à CIP as legítimas aspirações dos empresário."
Armindo Monteiro, presidente da CIP, falou-nos sobre a importância da AESINTRA.
23/8/2023
Armindo Monteiro, presidente da direção da Confederação Empresarial de Portugal – CIP, falou-nos sobre a importância de ter a AESINTRA representada nos órgãos sociais desta entidade.
Já é possível fazer um balanço do trabalho que tem sido desenvolvido na CIP, desde a eleição da nova equipa, no passado mês de abril? Tem sido um trabalho intenso, interessante, estimulante, desafiante e promissor. Definiria assim o que temos feito nestes primeiros três meses de trabalho. É obviamente apenas o início, temos um longo e difícil caminho pela frente. O país enfrenta um momento muito delicado. As pessoas estão a sofrer um enorme apertão por causa da subida dos juros e da inflação. O rendimento disponível das famílias está sob intensa pressão, o que afeta muitas empresas. O nosso objetivo é, por isso, claro: melhorar a competitividade da nossa economia e dar um passo firme na subida dos rendimentos dos portugueses.
Como define os principais critérios de intervenção da CIP na defesa dos interesses das empresas? Quais as principais “cordas vocais” da CIP? O nosso interesse está perfeitamente alinhado com o interesse geral do país. Queremos criar mais riqueza e mais oportunidades para todos. Queremos que essas oportunidades pessoais ou empresariais se reflitam pelo país inteiro, que se traduzam em ganhos substantivos. Queremos que seja mais fácil concretizar ideias e projetos, que haja menos dificuldades e mais eficiência, que haja menos desperdício de talento e de recursos a todos os níveis. A nossa intervenção tem como base a procura de entendimento e consensos. Consensos exigentes que nos façam progredir. A CIP representa mais de 150 mil empresas que envolvem mais de 1 milhão e 800 mil trabalhadores. É uma enorme responsabilidade que nos leva a aplicar as nossas equipas em múltiplos sectores.
Foto: Joaquim Viegas Simão (presidente da AESINTRA), Armindo Monteiro (presidente da CIP) e Joaquim Camilo, (vice-presidente da AESINTRA)
Considerando o âmbito de atuação da CIP, como associação patronal, e tendo em conta as relações laborais, quais as principais mudanças nos novos modelos de trabalho? O país e as empresas estão a acompanhar essas mudanças? Os modelos de trabalho estão em permanente mudança, e isto não é uma frase! A pandemia acelerou parte deste processo: o teletrabalho ganhou espaço e está a impor novas responsabilidades a todos, empregadores e trabalhadores. Este aspeto tem ganho natural proeminência, mas não é o único. A Inteligência Artificial está a ganhar espaço e está a provocar inúmeras alterações. Vamos ter novos trabalhos e novas possibilidades, e isso exige um investimento considerável em formação. Exigirá também alterações legislativas capazes de criar um enquadramento seguro e estimulante.
Na sua perspetiva, que valias imediatas tem para a CIP (e para a própria AESINTRA) a nossa associação estar representada nos corpos sociais (Direção)? As associações regionais ou sectoriais têm um conhecimento capilar dos problemas e das soluções. Este conhecimento chega-nos sem filtros e sem atrasos. Trata-se de uma informação de extrema relevância que juntamos e cruzamos com a que nos chega a partir de outras vias e outros stakeholders para, desta forma, construirmos posições sólidas, bem concertadas e realmente fazíveis, aplicáveis e úteis. Não fazemos teoria: queremos ter influência real com efeitos práticos e mensuráveis. A presença da AESINTRA na Direção da CIP, pela qualidade e excelência do seu representante – Dr. Joaquim Camilo – representa uma enorme mais valia para a nossa Confederação.
A AESINTRA tem agora a possibilidade de fazer chegar à CIP, de forma direta, as legítimas aspirações e problemas que os empresários encontram na região, nalguns casos problemas específicos que têm de chegar aos decisores nacionais para que sejam resolvidos.
Como é que a AESINTRA pode fazer a diferença no apoio que presta aos seus associados, agora que integra os órgãos sociais da CIP? O que faz hoje já faz muito bem: transmite aos seus associados o que está a acontecer nos vários sectores económicos do País. Com a presença neste órgão de cúpula empresarial, a AESINTRA tem uma perspetiva global sobre as soluções, os desafios e também as fragilidades que o tecido empresarial nacional enfrenta. Por outro lado, tem a possibilidade de fazer chegar à CIP, de forma direta, as legítimas aspirações e problemas que os empresários encontram na região, nalguns casos problemas específicos que têm de chegar aos decisores nacionais para que sejam resolvidos. É uma união que faz todo o sentido.
Se tivesse que traçar um retrato sobre as forças, fraquezas, capacidade de diferenciação e de contributo para a economia nacional, o que diria sobre as empresas de Sintra? Sintra tem uma economia local dinâmica. O turismo de qualidade, com destaque para o turismo cultural e ambiental, que desempenham um papel fundamental. Os serviços para os moradores e para os visitantes também têm um peso considerável. Penso que pode ganhar mais escala e continuar a desenvolver os fatores de diferenciação. Há 1.820 empresas a laborar na área da indústria em Sintra. Material elétrico, produtos de indústrias químicas/farmacêuticas, metais, plástico e instrumentos de ótica são áreas onde sobressai o investimento.
O tecido empresarial de Sintra, à semelhança do representado a nível nacional, está fortemente vincado pela presença de microempresas, quais os seus principais desafios a curto/médio prazo? Portugal é um país de micro, pequenas e médias empresas. Muitas vezes, são empresas que, na verdade, são claramente auto-emprego. Nalguns casos, funcionam muito bem e conseguem ganhar escala; noutros casos é importante que talvez juntem forças para ganhar escala nacional e, quem sabe, internacional. Temos milhares de empreendedores em Portugal. Nunca se fala do «sonho português», o equivalente ao famoso sonho americano. Penso, no entanto, que, cada vez mais, existe essa, como dizer… existe essa pulsão e esse desejo. As pessoas querem fazer, querem melhorar as suas vidas, querem concretizar as suas ideias e isso é excelente e tem de ser valorizado. Portugal está a ganhar essa cultura, a cultura dos fazedores, e isso vai produzir muitos frutos.